sexta-feira, 6 de maio de 2011

              Romantismo no Brasil
   O Romantismo no Brasil teve como marco fundador a publicação do livro "Suspiros poéticos e saudades", de Gonçalves de Magalhães, em 1836, e duraram 45 anos terminando em 1881 com a publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas, por Machado de Assis. O Romantismo foi sucedido pelo Realismo.

3° Geração - Condoreirismo ou condorismo

   Condoreirismo ou condorismo é uma parte de uma escola literária da poesia brasileira, a terceira fase romântica, marcada pela temática social e a defesa de idéias igualitárias.
   As décadas de 60 e 70 do século XIX representam para a poesia brasileira um período de transição. Ao mesmo tempo em que muitos dos procedimentos da primeira e da segunda geração são mantidos, novidades de forma e de conteúdo dão origem à terceira geração da poesia romântica, mais voltada para os problemas sociais e com uma nova forma de tratar o tema amoroso.
   Fugindo um pouco do egocentrismo dos ultrarromânticos, os condoreiros desenvolveram uma poesia social, comprometidos com a causa abolicionista e republicana.
Terceira geração - Condoreira
  • 1888 - Abolições da Escravatura
  • 1889 - Proclamações da República
  • Influenciada pelos acontecimentos sociais, discursa sobre liberdade, questões sociais, o abolicionismo.
  • Uso de exclamações, exageros, apóstrofes.
  • Mulher presente, carnal.
  • Volta-se para o futuro, progresso.
  • Luta pela liberdade, temáticas sociais.
  • Ainda fala sobre o amor.
  • O condor simboliza a liberdade, por isso geração condoreira. 
Principais poetas:
  • Castro Alves - "O Poeta dos Escravos"
  • Sousândrade "o Poeta da transição" considerado o poeta "divisor de águas" entre o Romantismo e a nova escola o Realismo.
  • Fagundes Varela “Noturnas”, Vozes da América
  • Tobias Barreto: o fundador do condoreirismo brasileiro.
A poesia social
  A poesia dessa fase expressará de modo bem evidente sua ligação com questões políticas e sociais. O desejo de igualdade e de reformas sociais encontrará eco principalmente na poesia abolicionista de Castro Alves, o melhor poeta desta fase.
   Tobias Barreto    

   Tobias Barreto de Meneses (Vila de Campos do Rio Real, 7 de junho de 1839Sergipe, 26 de junho de 1889) foi um filósofo, poeta, crítico e jurista brasileiro e fervoroso integrante da Escola do Recife (movimento filosófico de grande força calcado no monismo e evolucionismo europeu). Foi o fundador do condoreirismo brasileiro e patrono da cadeira 38 da Academia Brasileira de Letras.
   A oposição entre o aristocrático e o popular, que deixa transparecer o preconceito e a discriminação entre os dois extremos da sociedade, consiste numa abordagem mais equilibrada e reflexiva das questões sociais, sem apelos a idealizações, característica notória de uma poesia mais madura da fase condoreira do nosso Romantismo.
Poema de Tobias Barreto:
A Escravidão

“Se Deus é quem deixa o mundo
Sob o peso que o oprime,
Se ele consente esse crime,
Que se chama a escravidão,
Para fazer homens livres,
Para arrancá-los do abismo,
Existe um patriotismo
Maior que a religião.

Se não lhe importa o escravo
Que a seus pés queixas deponha,
Cobrindo assim de vergonha
A face dos anjos seus,
Em seu delírio inefável,
Praticando a caridade,
Nesta hora a mocidade
Corrige o erro de Deus!...



Castro Alves     

   Chamado de O poeta dos escravos, Castro Alves é considerado a principal expressão condoreira da poesia brasileira. Além da poesia social, Castro Alves cultivou ainda a poesia lírica, a épica e o teatro.
   Sua obra representa, na evolução da poesia romântica brasileira, um momento de maturidade e de transição. Maturidade em relação a certas atitudes ingênuas das gerações anteriores, como a idealização amorosa e o nacionalismo ufanista, às qual Castro Alves dará um tratamento mais crítico e realista. Navio Negreiro foi uma de suas obras mais importantes.
   Antônio Frederico de Castro Alves grande poeta social brasileiro.
Características e temas de sua poesia social:
  • Libertação dos escravos
  • Defesa da república
  • Hipérbole e metáforas condoreiras.
Poesia de Castro Alves:
Adeus                                          
II
“(...)Quis te odiar, não pude. – Quis na terra
Encontrar outro amor. – Foi-me impossível.
Então bendisse a Deus que no meu peito
Pôs o germe cruel de um mal terrível.

Sinto que vou morrer! Posso, portanto,
A verdade dizer-te santa e nua,
Não quero mais teu amor! Porém minh'alma
Aqui, além, mais longe, é sempre tua.(...)”
Poesia amorosa
A poesia amorosa de Castro Alves é caracterizada por:
  • Mulher sensual/erotizada
  • Paixão tórrida
  • Repúdio da morte (a morte é citada em sua poesia, porém ela é repudiada)
  • Melancolia/tédio
   Embora a lírica amorosa de Castro Alves ainda contenha um ou outro vestígio do amor platônico e da idealização da mulher, de modo geral ela representa um avanço decisivo na tradição poética brasileira, por ter abandonado tanto o amor convencional e abstrato dos clássicos quanto o amor cheio de medo e culpa dos primeiros românticos.
   Em vez de "virgem pálida", a mulher de boa parte dos poemas de Castro Alves é um ser corporificado e, mais que isso, participa ativamente do envolvimento amoroso. E o amor é viável, concreto, capaz de trazer tanto a felicidade e o prazer quanto a dor.

O navio negreiro
   “O navio negreiro” é um poema épico-dramático que integra a obra Os escravos, ao lado de “Vozes d” África”, da mesma obra, vem a ser uma das principais realizações épicas de Castro Alves. O tema de "O navio negreiro" é a denúncia da escravização e do transporte de negros para o Brasil.
O navio negreiro
IV
“(...)Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs! 
E ri-se a orquestra irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente
Faz doidas espirais ...
Se o velho arqueja, se no chão resvala,
Ouvem-se gritos... o chicote estala.
E voam mais e mais...(...)”
Sousândrade  

   Joaquim de Sousa Andrade, mais conhecido por Sousândrade (Guimarães, 9 de julho de 1833São Luís, 21 de abril de 1902) foi um escritor e poeta brasileiro.             
   Formou-se em Letras pela Sorbonne, em Paris, onde fez também o curso de engenharia de minas.
   Republicano convicto e militante transfere-se, em 1870, para os Estados Unidos.
   Morreu em São Luís, abandonado, na miséria e considerado louco. Sua obra foi esquecida durante décadas.
   Resgatada no início da década de 1960, pelos poetas Augusto e Haroldo de Campos, revelou-se uma das mais originais e instigantes de todo o nosso Romantismo, precursora das vanguardas históricas.
   Em 1877, escreveu:
"Ouvi dizer já por duas vezes que o Guesa Errante será lido 50 anos depois; entristeci - decepção de quem escreve 50 anos antes".

Poema de Sousândrade:

Seu longo poema narrativo “Guesa errante” é sua obra mais importante:

Guesa errante

“Os Andes
Vulcânicos elevam cumes calvos,
Circundados de gelos, mudos, alvos,
Nuvens flutuando – que espetác’los grandes!
Lá, onde o ponto do condor negreja,
Cintilando no espaço como brilhos
D’olhos, e cai a prumo sobre os filhos
Do lhama descuidado; onde lampeja
Da tempestade o raio; onde deserto,
O azul sertão, formoso e deslumbrante,
Arde do sol o incêndio, delirante
Coração vivo em céu profundo aberto!”

Fagundes Varella     

   Luís Nicolau Fagundes Varella (Rio Claro, 17 de agosto de 1841 — Niterói, 18 de fevereiro de 1875) foi um poeta brasileiro, patrono na Academia Brasileira de Letras.

   Poeta romântico e boêmio inveterado, Fagundes Varella foi um dos maiores expoentes da poesia brasileira, em seu tempo. Tendo ingressado no curso de Direito (e frequentado as faculdades de São Paulo e Recife), abandonou o curso no quarto ano. Foi a transição entre a segunda e a terceira geração romântica.

Poema de Fagundes Varella:

Névoas

"(...)Nas horas tardias que a noite desmaia
Que rolam na praia mil vagas azuis,
E a lua cercada de pálida chama
Nos mares derrama seu pranto de luz,

Eu vi entre os flocos de névoas imensas,
Que em grutas extensas se elevam no ar,
Um corpo de fada sereno, dormindo,
Tranqüila sorrindo num brando sonhar.

Na forma de neve puríssima e nua
Um raio da lua de manso batia,
E assim reclinada no túrbido leito
Seu pálido peito de amores tremia.(...)"

Curiosidades

  • Poesia Engajada
 Fundada por Castro Alves a, poesia engajada é aquela que procura ser uma arte de contestação e conscientização, ou como uma arte de "Filosofia Política". Vários poetas fizeram obras de Poesia Engajada, como Carlos Drummond de Andrade, Ferreira Gullar, Thiago de Melo e outros. A MPB (Música Popular Brasileira) também marcou a Poesia Engajada durante a ditadura militar nos anos 60 e 70, com as vozes de Geraldo Vandré, Chico Buarque de Holanda, Gilberto Gil e Caetano Veloso.
  • Defesa da Negritude
 Nos últimos anos do século XX, os negros decidiram que a luta pelo reconhecimento da raça negra iniciada por Castro Alves. Não pela abolição da escravatura, mas pelo fim do preconceito racial e cultural, da desigualdade de oportunidades e discriminação social. Então, diversos grupos organizados têm afirmado sua identidade afro-brasileira atravéz de protestos, manifestações e movimentos com atividades culturais com as origens africanas.
 Hoje em dia ainda existe essa polêmica entre brancos e negros. Inclusive, Caetano veloso e Maria Bethânia cantaram juntos o poema " O Navio Negreiro" de Castro Alves em estilo Rap, um dos gêneros musicais geralmente preferido pela população negra e por outros grupos sociais a parte. A mistura do poema com o rap nos lembra que os problemas de opressão e miséria social vivido pelos negros no seculo XIX, com algumas diferenças, continuam os mesmos.

Referências

  • CEREJA, William Roberto e MAGALHÃES, Thereza Cochar.Português Linguagens. Literatura-Produção de Texto-Gramática.
  • CEREJA, William Roberto e MAGALHÃES, Thereza Cochar. Literatura Brasileira.
·         CAMPOS, A.de; CAMPOS, H. de. ReVisão de Sousândrade. 2. ed. Invenção. São Paulo. 1979
·         http://poema.com.br/poesias.php?id=9

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